
Os lugares e os gestos. Às vezes
descobrimos sítios depois de descobrirmos palavras que se moldaram nesses
lugares, que nasceram para qualquer coisa que já existia, ou que se imaginava.
Edimburgo é uma dessas cidades. Grande parte da história de Harry Potter, de
alguns dos seus nomes, de uma boa parte do seu imaginário nasceu por aqui, na
Rua do castelo de Edimburgo, dentro do Old Town, hoje materializada numa
livraria que é um repositório das figuras de Harry Potter.
Trata-se do Museum
Contex que fica em Victoria Street. Na Old town nasceu outra figura literária
não tão famosa, mas igualmente importante para a literatura Infantil e Juvenil.
Trata-se de Kenneth Ghahame que nos deixou um livro marcante que é mais do que
uma história de animais. O Vento nos salgueiros é a história de cinco
animais, o Toupeira, o Rato, o Sapo, o Texugo e o Lontra que vivem na margem de
um rio. História imaginada para o seu filho foi a construção de uma narrativa
para o entreter em longas noites frias da Escócia. Livro que coloca os animais
a pensar sobre as aventuras que podem ter no grande bosque, eles que têm uma
vida tranquila na margem do rio.
Livro de algum modo colocava em reflexão as
novas ideias do início do século e como elas ameaçavam a sociedade vitoriana. O
interessante nisto é que os imaginários são feitos de locais que escolhemos ou
visitamos por qualquer razão e depois vemos neles as palavras, as cores e as
formas que antes de tudo os livros nos deram. Os lugares e os gestos são assim
formas de habitar a literatura. Lembrei-me disto não por qualquer efemeridade,
mas por ser uma cidade onde vou regularmente. Uma cidade a visitar, pela
literatura e pela cultura. (Tem um festival literário durante o mês de agosto).
(1) – O vento nos salgueiros / Kenneth
Grahame : il. E. H. Shepard. Lisboa: Tinta da China, 2016.
Sem comentários:
Enviar um comentário