terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Alice no país das maravilhas


«Mas quando ela desapareceu, a irmã deixou-se ficar ali sentada, tranquilamente, de cabeça apoiada na mão, olhando o sol-poente e pensando na pequena Alice e em todas as suas aventuras maravilhosas, até que começou também a sonhar. (...)

Ali ficou sentada, de olhos fechados. Quase acreditou no País das Maravilhas, embora soubesse que, quando voltasse a abri-los, tudo regressaria à enfadonha realidade... Apenas o vento faria sussurrar a erva, e as águas do lago agitar-se-iam com o balouçar dos juncos... O tilintar das chávenas transformar-se-ia no tinir dos chocalhos, e os gritos estridentes da Rainha na voz do jovem pastor...

E os espirros do bebé, o silvo do Grifo e todos os outros estranhos ruídos dariam lugar (ela sabia-o) ao barulho confuso da azáfama que reinava no pátio da quinta, enquanto os mugidos do gado à distância substituiriam os soluços profundos da Falsa Tartaruga.
Por fim, imaginou como esta sua irmãzinha seria no futuro, quando fosse crescida; e como conservaria, já na idade madura, o coração simples e adorável da sua infância, e reuniria à sua volta outras crianças, cujo olhar se tornaria vivo e curioso ao ouvirem tantas histórias estranhas, talvez mesmo a história do sonho do País das Maravilhas, de há muitos anos; e como ela se sentiria no meio das suas tristezas simples e encontraria prazer nas alegrias igualmente simples, ao recordar-se da sua própria meninice e dos dias felizes de Verão.»

Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas, págs. 125-126.

Na lembrança do aniversário do desaparecimento físico de Lewis Carroll, (14 de janeiro de 1898) a memória de um livro eterno, Alice no País das Maravilhas. Alice é a maior personagem da literatura dita infanto-juvenil. Não existe outra personagem como ela. Alice é intemporal e apesar de ela concentrar um tempo, ela revela-se num tempo de fascínio pela infância, por uma delicadeza em que Lewis Carroll quis mostrar o valor das crianças numa sociedade vitoriana que começava a lhes dar maior reconhecimento. De certo modo Alice somos todos nós, a perguntar sobre o que não tem sentido, a desbravar símbolos que não compreendemos, a tentar encontrar um tempo com algum significado. Podemos voltar ao país das Maravilhas? Só muito precariamente, pois os unicórnios não costumam regressar do seu reino de maravilha.
Na memória de Lewis Carroll, um site que nos dá um conjunto de recursos sobre uma personagem intemporal, Alice no país das Maravilhas.

Alice no país das Maravilhas: 

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