ser nuvem, se não
me podes levar?
- Serve para te ver.
E passar, passar.”
Eugénio de Andrade, “Aquela nuvem”, in Aquela nuvem e as outras . Porto: Campo das Letras, 2002.
É um pequeno poema. Todos os seus poemas o eram.
Dizia em pequenas sílabas todo o espanto, toda a solidão, e também a alegria, a
luz do verão, a água que sacia a sede. Com ele as palavras "aprendiam a
amar e a morrer". Manuel António Pina dizia que na sua voz morava uma
fala, isso "que não se pode dizer". Há nele, um minimalismo pelas
coisas essenciais, a vida como oferta de um sagrado. Há na sua poesia a vida,
como ela se apresenta larga e contraditória e a breve eternidade de uma sílaba
a decorar o aroma dos lírios, ou a fragância das amoras. Será com Sophia um dos
nomes mais eternos da poesia portuguesa.
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